Area Saúde
by Ana Matos
PHDA: Perturbação de hiperatividade e défice de atenção
O que é a PHDA, quais os tipos e sintomas, consequências e tratamento?
Começo por esclarecer o uso de diferentes siglas, ainda que todas se refiram à mesma condição. PHDA é o termo usado em Portugal, Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. Já TDAH é mais usado no Brasil, Transtorno de Défice de Atenção e Hiperatividade. Por último, a sigla inglesa ADHA ou Attention Deficit Hyperactivity Disorder.
A prevalência desta perturbação em Portugal está alinhada com os números a nível mundial, entre 6 a 10% para menores de idade e entre 1,5 a 3% na idade adulta (actamedicaportuguesa).
PHDA: O que é?
A PHDA é uma perturbação do neuro-desenvolvimento que tipicamente se inicia na infância, mas que em muitos casos persiste na adolescência e idade adulta.
A condição caracteriza-se por um padrão persistente de desatenção, e/ou hiperatividade-impulsividade, em múltiplos contextos (por exemplo casa, escola/trabalho, relações sociais).
A etiologia é multifatorial, ou seja podemos ter várias causas, com forte componente genética, bem como influências ambientais e de desenvolvimento neurológico.
PHDA: Quais os tipos de apresentação?
Conforme os critérios do manual DSM‑5, reconhecem-se três subtipos principais:
Predominantemente desatento (“inattentive”)
Predominantemente hiperativo/impulsivo (“hyperactive/impulsive”)
Tipo combinado (inatenção + hiperimpulsividade)
PHDA: Quais os principais sintomas em crianças e Adolescentes?
Na infância e adolescência, os sintomas mais típicos incluem:
Dificuldade em manter atenção a detalhes, cometer erros por descuido;
Dificuldade em seguir instruções ou terminar tarefas escolares ou domésticas;
Agitação motora (por exemplo “mexer mãos ou pés”, levantar-se quando deveria estar sentado);
Impulsividade: interromper outros, dificuldade em esperar a sua vez;
Em adolescentes, pode haver maior prevalência de sintomas de desatenção, e os de hiperatividade podem tornar-se menos óbvios.
PHDA: Quais os principais sintomas em Adultos?
Na idade adulta, a hiperatividade pode estar menos evidente (por exemplo, como sensação interna de inquietação em vez de correr/estar sempre em movimento).
Já a desatenção, a impulsividade e as dificuldades em organização, gestão de tempo, prioridade de tarefas são frequentemente principais.
Outros aspetos comuns: baixa tolerância à frustração, mudança frequente de tarefas, esquecimento de compromissos, desorganização, dificuldades nos relacionamentos e consequentemente, impacto na vida profissional.
PHDA: Quais as possíveis consequências?
A PHDA associa-se frequentemente a outras condições psiquiátricas (por exemplo, ansiedade, depressão, perturbações de conduta, uso de substâncias) e a consequências funcionais ao longo da vida, como rendimento académico ou profissional inferior, risco elevado de acidentes, abuso de substâncias, entre outros.
PHDA: Qual o Tratamento?
O tratamento da PHDA deve ser multifacetado, integrando intervenções farmacológicas, psicossociais, educativas e de ajustamento do ambiente.
Segundo guias e consensos, o tratamento deve considerar:
diagnóstico correto e abrangente;
avaliação de comorbilidades;
definição de metas de intervenção;
intervenção personalizada (crianças, adolescentes, adultos têm diferentes focos).
PHDA: Qual a medicação mais usada em caso de intervenção farmacológica?
Nalguns casos, a PHDA precisa de tratamento farmacológico. Depois do diagnóstico e avaliação médica, a medicação pode ser tida como tratamento adicional às intervenções psicossociais. É importante reforçar que um não substitui o outro.
O Metilfenidato (nome comercial Ritalina) é um dos Psicoestimulantes mais prescritos em Portugal.
Segundo a PubMed Central, um estudo recente em Portugal mostra que em crianças e adolescentes (5 aos 19 anos) de 2016 a 2023, o fármaco mais prescrito para PHDA foi o Metilfenidato (cerca de 79%), seguido de Lisdexanfetamina (cerca de 18%). Há uma série de outros fármacos menos utilizados. A equipe médica que irá seguir o paciente irá indicar se este necessita de medicação e se sim, qual a mais indicada.
Qual a intervenção psicossocial e não farmacológica mais indicada na PHDA?
A intervenção psicossocial e não farmacológica na PHDA inclui:
Treino de pais e professores em crianças/adolescentes;
Terapia cognitivo-comportamental (TCC) para adultos, foco em organização, regulação emocional, impulsividade;
Ajustes no ambiente escolar/ocupacional: estrutura, rotina, redução de distrações;
Educação sobre a condição, complicações e estratégias de controlo.
Como deve ser feita a monitorização e seguimento da PHDA, perturbação de hiperatividade e défice de atenção?
Na monitorização e seguimento da PHDA (perturbação de hiperatividade e défice de atenção) importa avaliar a adesão à medicação, efeitos adversos, evolução funcional (escola/trabalho) e necessidade de ajustar estratégias terapêuticas ao longo do tempo. Em Portugal, por exemplo, para nas crianças que tomam medicação recomenda-se a monitorização de peso, altura e tensão arterial.
PHDA e HUMAN DESIGN
Como enfermeira a trabalhar com crianças há mais de 2 décadas, não é difícil para mim reconhecer uma criança ou adolescente que precise ser encaminhada para uma avaliação de saúde e possível diagnóstico de PHDA. Por outro lado, como analista de Human Design, sou capaz de distinguir analisando o mapa da criança, aquelas que efetivamente têm uma condição médica das que têm apenas uma natureza mais desafiante e precisam de ajustes nas rotinas diárias, estratégias de aprendizagem e descanso.
Artigo revisto por Ana Matos, enfermeira de saúde familiar desde 2004, com mais de 21 anos de experiência de trabalho com famílias.