Preço e Valor
Sinto que tenho uma excelente relação com o dinheiro. E isso só acontece porque lhe dou o devido valor.
Somos condicionados desde o momento que nascemos. Seríamos os mesmo se tivéssemos nascido noutro país, cultura, religião ou família? A natureza seria a mesma, mas o contexto mudaria tudo. Li uma vez um livro que falava sobre o forma como as crianças descobriam as diferentes emoções. O enredo associava cada emoção a um quarto. À medida que a criança ia crescendo, abria cada uma das portas dos diferentes quartos da mansão. Atrás dessa porta estaria sempre algo diferente. Numa estaria o amor, noutra a segurança, noutra o medo, noutra a vergonha ou culpa, e por aí adiante. O livro mostrava como a forma como aquela criança experiencia algo pela primeira vez pode condicioná-la para a vida. Por exemplo, quando fizeste algo errado pela primeira vez, berraram contigo e colocaram de castigo ou reforçaram a aprendizagem? O que te ensinaram sobre mentira, crítica, roubo, ódio, tolerância, etc.
Isto tudo para explicar que fui uma privilegiada na forma como me guiaram a ver o mundo. Tive duas famílias, a paterna e a materna (não, os meus pais não eram divorciados, mas tive sim duas famílias e dois exemplos). Uma ensinou o preço das coisas e outra ensinou o valor. Uma tinha dinheiro e porta aberta a estudos e oportunidades, a outra era humilde e trabalhadora. A educação e exemplo aprendi da família materna, a humilde. Aprendi a respeitar o dinheiro, aprendi a importância de poupar, aprendi que não se gasta o que não se tem e aprendi que mesmo com pouco se pode ajudar quem tem menos. Do lado contrário não se falava de valor e sim de preço. Tudo tinha um preço.
Num mundo cada vez mais superficial que vive do que parece, penso nestas questões com muita frequência. E agarro com força o que tem valor.