Blog Semanal

by Ana Matos

Desenho de uma borboleta azul clara com detalhes negros nas asas, sobre fundo preto.

Hiperatividade e défice de atenção ou traquinices e falta de paciência?

Como distinguir comportamentos naturais da infância de sinais de hiperatividade e défice de atenção?

No meu trabalho como enfermeira atendo cada vez mais crianças diagnosticados com PHDA/ hiperatividade e défice de atenção, que consiste muito resumidamente, numa disfunção neurobiológica com padrões de desatenção, impulsividade e hiperatividade. Afeta sobretudo a aprendizagem e infelizmente, a paciência dos pais…

Como analista de Human Design, atendo muitas mães que manifestam receio dos filhos serem hiperativos. A consulta de crianças até aos 14 anos é dirigida aos pais e a minha rápida base de interpretação foca-se exclusivamente no mapa da criança e posterior conversa com a mãe. Agora vamos a realidades de analista:

  • cerca de 66% da população é geradora ou geradora manifestadora, o que significa que a grande maioria das crianças que atendo são geradoras;

  • os geradores são os únicos dos 4 tipos que nascem com um centro específico ativado, o centro da energia e da vitalidade, logo não esperam filhos “quietinhos”, certo?;

  • o gerador tem um sono mais reparador quando esgota diariamente a sua dose diária de energia em atividades que lhe tragam satisfação;

  • como é que as crianças ocupam o seu tempo nos dias de hoje? Entre tempo de aulas que não acaba, ecrãs, espaços fechados que dão pouca margem à criatividade.

Portanto, numa grande maioria temos filhos com um dom no mundo, a sua energia contagiante, completamente mal entendida e mal direcionada.

Se me focar num exemplo de uma análise concreta, tenho o exemplo perfeito em casa. Se correr a lista de sintomas de hiperatividade e défice de atenção, ele faz bingo!

Impulsivo, dificuldade em esperar, interrompe com frequência uma conversa ou atividade, inquieto, dificuldade em ficar parado, etc. Não, não é hiperativo. É gerador manifestador, com uma porta que nos fala de urgência para aplicar energia em ação, outra que nos fala sobre a pressão que sente para iniciar, com uma natureza inquieta pela porta do lutador e até à pouco tempo atrás, sem conhecimento de como empregar a sua energia e como ter um descanso reparador. Pode parecer chinês para quem não sabe de Human Design, mas para mim é claro entendê-lo e perceber que não tem nenhuma doença, mas sim uma natureza mais desafiante. Traquina não é sinónimo de perturbação, de hiperatividade e défice de atenção. Só temos que saber distingui-los.

Não posso afirmar com certeza que aquela mãe que chega a mim com receio de um possível diagnóstico de hiperatividade e défice de atenção, não tem qualquer motivo para estar preocupada. E posso garantir que serei a primeira a encaminhar para equipe médica caso seja necessário. Mas posso afirmar sem dúvida que muitas das questões que visualizam nos filhos, têm explicação. E quando adotam pequenas alterações no seu dia-a-dia, veem resultados quase imediatos. Conhecer a natureza do filho, respeitá-la e atuar em função dela, vai ajudar ambos, pais e filhos. É um privilégio ajudar as famílias que chegam a mim, quer como enfermeira, quer como analista. E perceber como o conhecimento que tenho de ambas se complementa.

Menino com expressão entediada apoiado na mesa de aula, com caderno e caneta ao lado.
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